De acordo com Jean Piaget (1975) a competência de distinguir os significantes dos significados consiste na função simbólica. A partir dela a criança desenvolve a habilidade de representar um significado (objeto, acontecimento) através de um significante diferenciado e apropriado para essa representação. Tendo em vista essa habilidade é possível desenvolver também jogos simbólicos, mais conhecidos como brincadeiras de “faz de conta”.
Essa habilidade é extremamente importante já que, a partir da sua utilização, torna-se possível expandir as competências de raciocínio, desenvolvimento mental e cognitivo, uma vez que além do ambiente físico a imaginação e a abstração da criança também serão trabalhadas. O jogo simbólico também é fundamental para o desenvolvimento da compreensão, da modalidade oral, da comunicação e de alguns outros aspectos relacionados à linguagem.
De acordo com estudos, crianças com autismo, na maioria das vezes, apresentam um maior interesse por objetos e por brincadeiras repetitivas, dificultando o desenvolvimento do jogo simbólico. Por isso é muito importante estimulá-las no desenvolvimento dessa habilidade, uma vez que ela potencializa suas oportunidades de aprendizado em relação ao mundo social, sobre como agem as pessoas e como funcionam algumas ações cotidianas. O jogo simbólico é frequentemente uma imitação da realidade, por isso, ele auxilia no desenvolvimento da observação e da imitação. Isso permite trabalhar o pensamento abstrato e fingir experienciar o que o outro experimenta.
Uma dica para estimular o jogo simbólico:
Utilize materiais não convencionais para imitar objetos, por exemplo, um pedaço de madeira pode ser um avião e uma colher pode se transformar em uma catapulta. É importante também treinar ações rotineiras com objetos, como dar comida para os bonecos e escovar os dentes em seguida, transportar peças com um carrinho de mentira e até mesmo levar os animais para tomar banho.
Referências:
Piaget, J. (1975). A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação (Cabral, A.; Oiticica, C.M., Trad.). 2a Ed. Rio de Janeiro: Zahar; Brasília: INL. 370 p.
ROGERS, Sally J.; DAWSON, Geraldine; VISMARA, Laurie A. Autismo: Compreender e Agir em Família. Lidel. 2015.
UZUN DE FREITAS, Maria Luisa de Lara. A evolução do jogo simbólico na criança.Ciênc. cogn., Rio de Janeiro , v. 15, n. 3, p. 145-163, dez. 2010 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000300013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 11 mar. 2019.
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